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Blog do Juca Kfouri

Espanha dá baile em Portugal

juca kfouri

29/06/2010 17h22

Em seis minutos, duas vezes com Torres, uma com Villa, a Espanha fez o goleiro Eduardo trabalhar bem.

A reação portuguesa veio com Tiago, num chute longo que Casillas defendeu em dois tempos e teve que disputar no alto com Hugo Almeida, aos 20.

Espanha e Portugal pareciam querer fazer uma partida emocionante.

Mas, de repente, diminuiram o ritmo e passaram a disputar um jogo em que cada palmo do gramado na Cidade do Cabo parecia valer milhões de euros.

O resultado é que deixaram os goleiros em paz, porque a partida se desenrolava apenas entre as intermediárias.

Sem se dizer que o time luso revelava um claro problema de cabeça, porque ganhava todas pelo alto quando conseguiam por a bola na área, mas a cabeceavam para qualquer direção, menos para o gol.

Era como se tivessem feito um acordo (de Tordesilhas?) de um não incomodar o goleiro do outro mais.

E a terça-feira da Copa do Mundo seguia sem gols quando o segundo tempo começou.

Cristiano Ronaldo lembrava D. Sebastião, absolutamente desaparecido e a seleção espanhola nem de longe lembrava a que foi campeã da Europa.

Que Portugal não tem vocação ofensiva, é sabido, mas a seleção do país do Barcelona tinha que ser mais positiva.

Ah, sim, o Barcelona fica na Catalunha, não na Espanha.

A primeira chance de gol no segundo tempo apareceu sem querer, quando quase Puyol, de joelho, desvia para sua meta um passe de Hugo Almeida.

Mas o jogo estava, ao menos, mais vertical.

O 0 a 0 incomodava tanto os dois técnicos que, ao mesmo tempo, aos 12, um tirou Torres e pôs Llorente e o outro tirou Hugo Almeida para a entrada de Danny.

A primeira participação de Llorente é uma cabeçada à queima roupa que Eduardo defende com maestria.

No minuto seguinte, Villa manda rente à trave.

Acabou o acordo, tem blitz espanhola no gramado.

E, aos 17, a Espanha troca passes na entrada da área lusa como se fosse o Barcelona e, de calcanhar, Xavi deixa Villa na cara do gol. Ele fuzila pela esquerda, Eduardo ainda defende, mas o rebote para o mesmo Villa é indefensável.

Espanha, 1 a 0, e estava justo.

O brasileiro Liedson, naturalizado português, entra no lugar de Simão, e o brasileiro Pepe, naturalizado português, sai para entrada de Pedro Mendes.

Segundos antes, Sérgio Ramos, em contra-ataque puxado por Iniesta, quase faz 2 a 0, coisa que Eduardo, mais uma vez, impediu.

Portugal parecia derrotado, entregue às traças, com a Espanha em busca de liquidar a fatura.

Eduardo, de novo, defende um pelotaço de Villa, de fora da área.

Já tem show espanhol na Copa, os melhores 15 minutos dos campeões europeus na África.

O único risco que havia era o de Portugal achar um gol, já que o segundo espanhol não saia.

Já o problema português era achar a bola, porque nem sequer a via.

No fim, foi a vez de Llorente quase ampliar mais uma vez de cabeça.

A Espanha vai pegar, na condição de favorita absoluta, o Paraguai.

Mas terá de melhorar a pontaria.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/