Espanha dá baile em Portugal
Em seis minutos, duas vezes com Torres, uma com Villa, a Espanha fez o goleiro Eduardo trabalhar bem.
A reação portuguesa veio com Tiago, num chute longo que Casillas defendeu em dois tempos e teve que disputar no alto com Hugo Almeida, aos 20.
Espanha e Portugal pareciam querer fazer uma partida emocionante.
Mas, de repente, diminuiram o ritmo e passaram a disputar um jogo em que cada palmo do gramado na Cidade do Cabo parecia valer milhões de euros.
O resultado é que deixaram os goleiros em paz, porque a partida se desenrolava apenas entre as intermediárias.
Sem se dizer que o time luso revelava um claro problema de cabeça, porque ganhava todas pelo alto quando conseguiam por a bola na área, mas a cabeceavam para qualquer direção, menos para o gol.
Era como se tivessem feito um acordo (de Tordesilhas?) de um não incomodar o goleiro do outro mais.
E a terça-feira da Copa do Mundo seguia sem gols quando o segundo tempo começou.
Cristiano Ronaldo lembrava D. Sebastião, absolutamente desaparecido e a seleção espanhola nem de longe lembrava a que foi campeã da Europa.
Que Portugal não tem vocação ofensiva, é sabido, mas a seleção do país do Barcelona tinha que ser mais positiva.
Ah, sim, o Barcelona fica na Catalunha, não na Espanha.
A primeira chance de gol no segundo tempo apareceu sem querer, quando quase Puyol, de joelho, desvia para sua meta um passe de Hugo Almeida.
Mas o jogo estava, ao menos, mais vertical.
O 0 a 0 incomodava tanto os dois técnicos que, ao mesmo tempo, aos 12, um tirou Torres e pôs Llorente e o outro tirou Hugo Almeida para a entrada de Danny.
A primeira participação de Llorente é uma cabeçada à queima roupa que Eduardo defende com maestria.
No minuto seguinte, Villa manda rente à trave.
Acabou o acordo, tem blitz espanhola no gramado.
E, aos 17, a Espanha troca passes na entrada da área lusa como se fosse o Barcelona e, de calcanhar, Xavi deixa Villa na cara do gol. Ele fuzila pela esquerda, Eduardo ainda defende, mas o rebote para o mesmo Villa é indefensável.
Espanha, 1 a 0, e estava justo.
O brasileiro Liedson, naturalizado português, entra no lugar de Simão, e o brasileiro Pepe, naturalizado português, sai para entrada de Pedro Mendes.
Segundos antes, Sérgio Ramos, em contra-ataque puxado por Iniesta, quase faz 2 a 0, coisa que Eduardo, mais uma vez, impediu.
Portugal parecia derrotado, entregue às traças, com a Espanha em busca de liquidar a fatura.
Eduardo, de novo, defende um pelotaço de Villa, de fora da área.
Já tem show espanhol na Copa, os melhores 15 minutos dos campeões europeus na África.
O único risco que havia era o de Portugal achar um gol, já que o segundo espanhol não saia.
Já o problema português era achar a bola, porque nem sequer a via.
No fim, foi a vez de Llorente quase ampliar mais uma vez de cabeça.
A Espanha vai pegar, na condição de favorita absoluta, o Paraguai.
Mas terá de melhorar a pontaria.
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