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Blog do Juca Kfouri

Dunga x Globo

juca kfouri

21/06/2010 17h03

Pensei que nem seria necessário opinar sobre a nova bobagem de Dunga em entrevista coletiva.

Mas são muitos os pedidos.

Vamos lá, pois.

Não importa se o nome do jornalista da Globo é Escobar, Silva ou Galvão.

Nem se é de Globo.

Dunga quer o confronto com a imprensa. E ponto.

É direito dele, diga-se, maior e vacinado.

O que penso sobre Dunga é público e notório: tem um belíssimo trabalho à frente da Seleção Brasileira no que diz respeito aos resultados obtidos e está longe de pensar o futebol dos meus sonhos.

Como pessoa é tosco e menos corajoso –meses atrás foi mesquinho e covarde em relação a uma polêmica com o PVC — do que se apresenta.

É, também,  marcado indelevelmente pela injusta "Era Dunga", porque foi um excelente volante, até menos faltoso do que quis fazer crer em seu melhor momento na coletiva de ontem.

E nós somos um país engraçado.

Um país que vê a Globo e adora falar mal da Globo. Faz parte.

Dunga sabe disso e um de seus méritos como técnico da Seleção tem sido o de não privilegiar ninguém: ele trata igualmente mal toda a imprensa, outro direito seu, professor de maus modos que é.

E é adepto do bateu, levou, como Fernando Collor.

Apenas precisaria refletir que tem um papel a cumprir, que há uma certa liturgia, estuprada ontem pelos seus palavrões.

E que é a exposição dos patrocinadores  que permite pagar o salário que ele recebe, assim como todas as mordomias de que desfruta a Seleção.

Mas juro que é problema dele (e talvez da Fifa), não meu.

E se o presidente da CBF o teme, palmas para ele.

Parabenizo-o, ainda, por, quem sabe, fazer do jornalismo esportivo global algo mais crítico, menos CBF, menos entrenimento e mais jornalismo mesmo,  porque, certamente,  jornalismo não torce.

Nem distorce, é claro.

Ah, e continuo apostando que a Seleção do Dunga será campeã mundial aqui na África do Sul.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/