Dunga x Globo
Pensei que nem seria necessário opinar sobre a nova bobagem de Dunga em entrevista coletiva.
Mas são muitos os pedidos.
Vamos lá, pois.
Não importa se o nome do jornalista da Globo é Escobar, Silva ou Galvão.
Nem se é de Globo.
Dunga quer o confronto com a imprensa. E ponto.
É direito dele, diga-se, maior e vacinado.
O que penso sobre Dunga é público e notório: tem um belíssimo trabalho à frente da Seleção Brasileira no que diz respeito aos resultados obtidos e está longe de pensar o futebol dos meus sonhos.
Como pessoa é tosco e menos corajoso –meses atrás foi mesquinho e covarde em relação a uma polêmica com o PVC — do que se apresenta.
É, também, marcado indelevelmente pela injusta "Era Dunga", porque foi um excelente volante, até menos faltoso do que quis fazer crer em seu melhor momento na coletiva de ontem.
E nós somos um país engraçado.
Um país que vê a Globo e adora falar mal da Globo. Faz parte.
Dunga sabe disso e um de seus méritos como técnico da Seleção tem sido o de não privilegiar ninguém: ele trata igualmente mal toda a imprensa, outro direito seu, professor de maus modos que é.
E é adepto do bateu, levou, como Fernando Collor.
Apenas precisaria refletir que tem um papel a cumprir, que há uma certa liturgia, estuprada ontem pelos seus palavrões.
E que é a exposição dos patrocinadores que permite pagar o salário que ele recebe, assim como todas as mordomias de que desfruta a Seleção.
Mas juro que é problema dele (e talvez da Fifa), não meu.
E se o presidente da CBF o teme, palmas para ele.
Parabenizo-o, ainda, por, quem sabe, fazer do jornalismo esportivo global algo mais crítico, menos CBF, menos entrenimento e mais jornalismo mesmo, porque, certamente, jornalismo não torce.
Nem distorce, é claro.
Ah, e continuo apostando que a Seleção do Dunga será campeã mundial aqui na África do Sul.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/