Alemanha espera a Argentina ou o México
A jovem Alemanha tinha o domínio do jogo contra a cansada Inglaterra.
E, aos 20 minutos, depois de já ter desperdiçado uma chance na cara do gol, com Ozil, os germânicos abriram o placar, numa bola mandada pelo goleiro Neuer que alcançou o artilheiro Klose entre os zagueiros Terry e Upson.
Ele ganhou do primeiro na manha e do segundo na força e fuzilou o indignado goleiro James.
Dez minutos depois, Klose, outra vez, teve a chance de fazer 2 a 0, mas James roubou-lhe a oportunidade de ficar com 13 gols em Copas do Mundo, apenas dois atrás do recorde de Ronaldo.
Mas, em seguida, Podolski tratou de fazer 2 a 0, porque a defesa inglesa mais parecia um queijo suíço.
Estava fácil, extremamente fácil.
E até chato, porque não era isso que se esperava do embate que reeditava a final da Copa de 1966.
Mas, então, começou a acontecer até mais do que se esperava.
Muito mais.
Numa jogada esquisita, Gerrard cruzou nas alturas, o goleiro Neur, que dera o primeiro go,l saiu mal e a bola inglesa foi alcançada por Upson que subiu no quarto andar para cabecear e diminuir a diferença, redimindo-se do erro no gol inicial dos alemães.
E, espantoso!, no minuto seguinte, Lampard tocou por cobertura uma bola que bateu no travessão e meio metro dentro do gol alemão, coisa que a arbitragem uruguaia não observou e não validou.
Era a repetição do que ocorrera em Wembley, em Londres, 44 anos atrás, tendo o Free State, em Bloemfonteim, como palco, na famosa bola que nunca se soube nem se saberá se entrou mesmo, embora aparentemente não tenha entrada mas que acabou decisiva para a Inglaterra ser campeã.
Se tecnicamente a vantagem alemã era justa, não o era pelo erro clamoroso.
E a Inglaterra que achava já ter sido punida pelo gol de mão de Maradona, em 1986, no México…
O jogo ficou simplesmente sensacional.
E o segundo tempo prometeu ser como o primeiro acabou sendo.
Mal dava para esperar.
Quando os times voltaram a campo, não foram poucos os ingleses que foram dizer para o apitador Larrionda aquilo que ele já estava cansado de saber. E como agiria? Teríamos compensação?
Era o que esperavam o capitão Gerrard, o ex-capitão Terry e o artilheiro Rooney, três dos ingleses que se aproximaram do árbitro.
Moralmente, ao menos, os súditos da rainha voltavam mais fortes.
E logo aos 6 minutos o tme inglês mostrou a que veio, com Lampard carimbando o travessão em cobrança de falta.
Sim, já estavamos diante de uma baita injustiça.
A rainha até engasgou com o chá das 5.
A Alemanha estava sob claro domínio inglês e o empate parece iminente.
Fabio Capello se vira e tira Milner para a entrada de Joe Cole,.
Mas, ao 21, um balde de água gelada na reação britânica.
Num contra-ataque fulminante comandado por Schweinsteiger, que teve calma e talento para o passe final, a bola acaba nos pés de Muller pela direita e ele fuzila cruzado, indefensável, para fazer 3 a 1.
Na verdade, nem a Inglaterra nem o jogo mereciam tal definição e tão cedo.
O empate sim, que levaria à prorrogação.
Só que os alemães são os alemães, frios e calculistas, mortais.
E para que não restasse nenhuma dúvida, foi a vez, em seguida, de Ozil puxar o contra-ataque pela esquerda e dar pra Muller, livre pela direita, fazer 4 a 1.
Se fosse possível, o árbitro deveria ter pedido a bola, pedido desculpas aos ingleses, dado os parabéns aos alemães e terminado o jogo ali, aos 25 minutos do segundo tempo.
O futebol merecia tal homenagem.
Larrionda, aliás, fez o certo, não buscou compensar o erro.
E deve voltar amanhã para Montevidéu, com seus auxiliares, um deles bem amigo da onça.
Mas eis aí a Alemanha às portas de enfrentar a Argentina, para repetir a final da Copa de 1990, na Itália, ou a de 1986, no México, com uma vitória para cada lado.
Ou será que o mesmo México não deixará.
Saberemos logo mais.
(Se acontecer mais alguma coisa, eu volto para acrescentar. Mas o jogo acabou 15 minutos atrás).
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