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Blog do Juca Kfouri

Alemanha espera a Argentina ou o México

juca kfouri

27/06/2010 12h42

A jovem Alemanha tinha o domínio do jogo contra a cansada  Inglaterra.

E, aos 20 minutos, depois de já ter desperdiçado uma chance na cara do gol, com Ozil, os germânicos abriram o placar, numa bola mandada pelo goleiro Neuer que alcançou o artilheiro Klose entre os zagueiros Terry e Upson.

Ele ganhou do primeiro na manha e do segundo na força e fuzilou o indignado goleiro James.

Dez minutos depois, Klose, outra vez, teve a chance de fazer 2 a 0, mas James roubou-lhe a oportunidade de ficar com 13 gols em Copas do Mundo, apenas dois atrás do recorde de Ronaldo.

Mas, em seguida, Podolski tratou de fazer 2 a 0, porque a defesa inglesa mais parecia um queijo suíço.

Estava fácil, extremamente fácil.

E  até chato, porque não era isso que se esperava do embate que reeditava a final da Copa de 1966.

Mas, então, começou a acontecer até mais do que se esperava.

Muito mais.

Numa jogada esquisita, Gerrard cruzou nas alturas, o goleiro Neur, que dera o primeiro go,l saiu mal e a bola inglesa foi alcançada por Upson que subiu no quarto andar para cabecear e diminuir a diferença, redimindo-se do erro no gol inicial dos alemães.

E, espantoso!, no minuto seguinte, Lampard tocou por cobertura uma bola que bateu no travessão e meio metro dentro do gol alemão, coisa que a arbitragem uruguaia não observou e não validou.

Era a repetição do que ocorrera em Wembley, em Londres, 44 anos atrás, tendo o Free State, em Bloemfonteim, como palco, na famosa bola que nunca se soube nem se saberá se entrou mesmo, embora aparentemente não tenha entrada mas que acabou decisiva para a Inglaterra ser campeã.

Se tecnicamente a vantagem alemã era justa, não o era pelo erro clamoroso.

E a Inglaterra que achava já ter sido punida pelo gol de mão de Maradona, em 1986, no México…

O jogo ficou simplesmente sensacional.

E o segundo tempo prometeu ser como o primeiro acabou sendo.

Mal dava para esperar.

Quando os times voltaram a campo, não foram poucos os ingleses que foram dizer para o apitador Larrionda aquilo que ele já estava cansado de saber. E como agiria? Teríamos compensação?

Era o que esperavam o capitão Gerrard, o ex-capitão Terry e o artilheiro Rooney, três dos ingleses que se aproximaram do árbitro.

Moralmente, ao menos, os súditos da rainha voltavam mais fortes.

E logo aos 6 minutos o tme inglês mostrou a que veio, com Lampard carimbando o travessão em cobrança de falta.

Sim, já estavamos diante de uma baita injustiça.

A rainha até engasgou com o chá das 5.

A Alemanha estava sob claro domínio inglês e o empate parece iminente.

Fabio Capello se vira e tira Milner para a entrada de Joe Cole,.

Mas, ao 21, um balde de água gelada na reação britânica.

Num contra-ataque fulminante comandado por Schweinsteiger, que teve calma e talento para o passe final, a bola acaba nos pés de Muller pela direita e ele fuzila cruzado, indefensável, para fazer 3 a 1.

Na verdade, nem a Inglaterra nem o jogo mereciam tal definição e tão cedo.

O empate sim, que levaria à prorrogação.

Só que os alemães são os alemães, frios e calculistas, mortais.

E para que não restasse nenhuma dúvida, foi a vez, em seguida, de Ozil puxar o contra-ataque pela esquerda e dar pra Muller, livre pela direita, fazer 4 a 1.

Se fosse possível, o árbitro deveria ter pedido a bola, pedido desculpas aos ingleses, dado os parabéns aos alemães e terminado o jogo ali, aos 25 minutos do segundo tempo.

O futebol merecia tal homenagem.

Larrionda, aliás, fez o certo, não buscou compensar o erro.

E deve voltar amanhã para Montevidéu, com seus auxiliares, um deles bem amigo da onça.

Mas eis aí a Alemanha às portas de enfrentar a Argentina, para repetir a final da Copa de 1990, na Itália, ou a de 1986, no México, com uma vitória para cada lado.

Ou será que o mesmo México não deixará.

Saberemos logo mais.

(Se acontecer mais alguma coisa, eu volto para acrescentar. Mas o jogo acabou 15 minutos atrás).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/