A Eslovênia se apresenta a Tio Sam
Foi prazeroso ver a Eslovênia fazer 2 a 0 nos Estados Unidos ainda no primeiro tempo, no Ellis Park, em Joburgo.
Nada contra os ianques, até porque eles revelam um respeito à liturgia do futebol muito interessante e progrediram coisa que sirva.
Mas é que o primeiro gol esloveno foi belíssimo, de fora da área, feito por Birsa, como uma ferroada da vespa que paralisa a aranha.
Ao goleiro estadunidense restou apenas tentar desviar com os olhos.
Como foi fatal o segundo gol, num contra-ataque muito bem feito e que culminou com o chute cruzado de Ljubijankic.
Chance de verdade os sobrinhos de Tio Sam só tiveram uma, que o beque Brecko brecou quase na linha do gol.
Se a Sérvia (que como a Eslovênia também fazia parte da Iugoslávia) surpreendeu a Alemanha, a Eslovênia surpreendia os EUA e fazia seu sexto ponto.
Só que os Estados Unidos, definitivamente, não vieram à Copa a passeio.
E nem bem o segundo tempo começou e Donovan marcou belo gol, com frieza de cirurgião.
O brasileiro naturalizado norte-americano, Benny Feilhaber, que joga no AGF dinamarquês, estava em campo para tentar ajudar a virada.
O frio de 9 graus no estádio, com sensação térmica de 3 graças ao vento, não tinha nada a ver com a fogueira do gramado.
Os Estados Unidos vieram com tudo.
Um contra-ataque, como o do segundo gol, era tudo que os eslovenos queriam. E tentavam.
Mas Donovan e Altidore se insinuavam de todos os modos em busca do empate.
E o tempo passava. Rapidamente para os americanos, lentamente para os europeus.
Menos de 20 minutos, fora os acréscimos.
O empate estava maduro, com riscos, no entanto de apodrecer.
Os antigos convocavam o general Custer e a Sétima Cavalaria.
Os novos queriam mesmo os marines.
Mas, bravamente, os eslovenos resistiam.
Até que, faltando nove minutos, com inteira justiça, uma bela triangulação culmina com o empate marcado por Bradley (filho do técnico), para euforia da torcida ianque, como se fosse uma vitória no basquete. Muito bonito de ser ver, por sinal.
Tudo igual, mas eles queriam a virada.
E foram à luta.
Faltando cinco minutos, falta no bico direita da área: Donovan bota no pé de Edu, que vira.
O bandeirinha erra e anula o gol.
Um crime!!!
Os eslovenos estão mais do que felizes com o empate e os americanos têm por que blasfemar contra a arbitragem.
Raro ver os mais poderosos prejudicados em favor do menor.
Foi o que aconteceu nesta tarde gelada em Joanesburgo.
Veremos o que a Inglaterra faz com a Argélia, que perdeu para a Eslovênia e será a última adversária dos Estados Unidos.
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