Ufa, Santos, 18 vezes campeão!
Num Pacaembu repleto e belíssimo, em tarde luminosa de sol em São Paulo, o espetáculo entre Santos e Santo André começou de maneira tocante na execução do hino brasileiro.
Hino regido pelo maestro João Carlos Martins, em todos os ritmos que compõem a música brasileira.
Teve samba, teve chorinho, teve baião, teve valsa, xote, forró, teve de tudo.
Simplesmente maravilhoso.
O Ramalhão deu a saída, sofreu uma falta aos 7 segundos e abriu o placar, com Nunes, aos 35, em linda trama do time do ABC.
Que não abateu a garotada santista.
Tanto que, aos 7 minutos, Robinho matou uma bola de letra pelo alto dentro da área, como só os malabaristas da bola sabem fazer e deu para Neymar driblar um, o goleiro, mais um, e arrematar para o fundo da rede.
Os meninos comemoraram como nunca, sem dancinhas, na pura emoção da alegria e do desabafo.
O jogo era lá e cá e tão bom que, aos 16, Branquinho acertou a trave santista.
E, no minuto seguinte, a auxiliar Maria Elisa cometeu o crime lesa futebol de dar um impedimento inexistente de Carlinhos que cruzou para o segundo gol, não validado pela arbitragem.
Mesmo assim, aos 19, em cobrança de escanteio, Alê subiu mais que Durval e fez, enfim, o 2 a 1.
O jogo pegou fogo de vez, mas, infelizmente, aos 22, uma discussão causada por uma simulação que Neymar não fez, redundou na paralisação do jogo e na expulsão de Léo e de Nunes.
Incêndio no Pacaembu.
Que quase precisou chamar o Corpo de Bombeiros quando Ganso recebeu de Robinho e deu, de calcanhar, para o segundo gol de Neymar, o centésimo do Santos em 2010.
Quer jogo!
Incompreensivelmente, porém, aos 39, Marquinhos que jogava demais, deu um carrinho por trás em Branquinho e foi corretamente expulso de campo.
Nove contra dez, como seria?
Tinha tudo na final do Paulistinha, um tamanho clima de decisão que virou um Paulistão.
E ainda no primeiro tempo, tocando bola, aos 43, Branquinho fez 3 a 2 para o time do ABC.
O Santo André ia para o intervalo na frente e com um jogador a mais, diante de 36 mil estupefatos torcedores.
E o Santos tomava seu oitavo gol em dois jogos e meio em uma semana.
E não fosse a bandeirinha, estaria 4 a 2…
Como quase ficou aos 5 do segundo tempo, quando Arouca, na linha fatal, salvou o gol que daria o título ao Santo André.
Como resposta, duas vezes Robinho poderia ter empatado, mas finalizou mal.
Neymar, mesmo perseguido pelo árbitro, barbarizava no gramado e depois de sofrer diversas faltas não marcadas, teve uma assinalada quando era clara a vantagem do ataque santista, em lance do perigo de gol.
Sálvio Spinola se comprometia.
E Dorival Júnior se redimia, ao, finalmente, botar André em campo, aos 17, em lugar de Robinho.
Sérgio Soares, o técnico do Ramalhão, levava nítida vantagem até então.
Aos 19, Arouca sofreu pênalti claro e Spinola não marcou.
Um fanfarrão.
Em seguida, André fez o pivô para Ganso e o goleiro Júlio César evitou o empate.
Rodrigão entrou no lugar de Branquinho.
Ataque, ataque, ataque.
Roberto Brum substituiu Neymar, aos 31.
Defesa, defesa, defesa.
Dorival Júnior parecia querer viver perigosamente, porque, era claro, chamaria ainda mais o adversário para a pressão total nos últimos 15 minutos.
Roberto Brum conseguiu ser expulso numa entrada por trás, aos 39, e Dorival Júnior quis tirar Paulo Henrique Ganso, que, abertamente, e com toda razão, ele que regia o time como João Carlos Martins regeu a orquestra, se recusou a sair para a entrada do zagueiro Bruno Aguiar.
Oito contra dez, o Pacaembu tentou ser, ao menos, o nono jogador.
Aos 45, Rodriguinho mandou na trave do Santos.
Inimaginável!
Sim, não era justo com o Santo André.
Uma final épica, em que o Santo André foi brilhante, o árbitro e o técnico campeão foram abaixo da crítica, e Ganso e Neymar provaram de novo que têm lugar na Seleção Brasileira.
Depois de muito sofrer, o Santos se igualou, no profissionalismo, pós 1933, ao Corinthians e ao Palmeiras, com 18 conquistas estaduais, duas a menos que o São Paulo.
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