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Blog do Juca Kfouri

Ufa, Santos, 18 vezes campeão!

juca kfouri

02/05/2010 18h03

Num Pacaembu repleto e belíssimo, em tarde luminosa de sol em São Paulo, o espetáculo entre Santos e Santo André começou de maneira tocante na execução do hino brasileiro.

Hino regido pelo maestro João Carlos Martins, em todos os ritmos que compõem a música brasileira.

Teve samba, teve chorinho, teve baião, teve valsa, xote, forró, teve de tudo.

Simplesmente maravilhoso.

O Ramalhão deu a saída, sofreu uma falta aos 7 segundos e abriu o placar, com Nunes, aos 35, em linda trama do time do ABC.

Que não abateu a garotada santista.

Tanto que, aos 7 minutos, Robinho matou uma bola de letra pelo alto dentro da área, como só os malabaristas da bola sabem fazer e deu para Neymar driblar um, o goleiro, mais um, e arrematar para o fundo da rede.

Os meninos comemoraram como nunca, sem dancinhas, na pura emoção da alegria e do desabafo.

O jogo era lá e cá e tão bom que, aos 16, Branquinho acertou a trave santista.

E, no minuto seguinte, a auxiliar Maria Elisa cometeu o crime lesa futebol de dar um impedimento inexistente de Carlinhos que cruzou para o segundo gol, não validado pela arbitragem.

Mesmo assim, aos 19, em cobrança de escanteio, Alê subiu mais que Durval e fez, enfim, o 2 a 1.

O jogo pegou fogo de vez, mas, infelizmente, aos 22, uma discussão causada por uma simulação que Neymar não fez, redundou na paralisação do jogo e na expulsão de Léo e de Nunes.

Incêndio no Pacaembu.

Que quase precisou chamar o Corpo de Bombeiros quando Ganso recebeu de Robinho e deu, de calcanhar, para o segundo gol de Neymar, o centésimo do Santos em 2010.

Quer jogo!

Incompreensivelmente, porém, aos 39, Marquinhos que jogava demais, deu um carrinho por trás em Branquinho e foi corretamente expulso de campo.

Nove contra dez, como seria?

Tinha tudo na final do Paulistinha, um tamanho clima de decisão que virou um Paulistão.

E ainda no primeiro tempo, tocando bola, aos 43, Branquinho fez 3 a 2 para o time do ABC.

O Santo André ia para o intervalo na frente e com um jogador a mais, diante de 36 mil estupefatos torcedores.

E o Santos tomava seu oitavo gol em dois jogos e meio em uma semana.

E não fosse a bandeirinha, estaria 4 a 2…

Como quase ficou aos 5 do segundo tempo, quando Arouca, na linha fatal, salvou o gol que daria o título ao  Santo André.

Como resposta, duas vezes Robinho poderia ter empatado, mas finalizou mal.

Neymar, mesmo perseguido pelo árbitro, barbarizava no gramado e depois de sofrer diversas faltas não marcadas, teve uma assinalada quando era clara a vantagem do ataque santista, em lance do perigo de gol.

Sálvio Spinola se comprometia.

E Dorival Júnior se redimia, ao, finalmente, botar André em campo, aos 17, em lugar de Robinho.

Sérgio Soares, o técnico do Ramalhão, levava nítida vantagem até então.

Aos 19, Arouca sofreu pênalti claro e Spinola não marcou.

Um fanfarrão.

Em seguida, André fez o pivô para Ganso e o goleiro Júlio César evitou o empate.

Rodrigão entrou no lugar de Branquinho.

Ataque, ataque, ataque.

Roberto Brum substituiu Neymar, aos 31.

Defesa, defesa, defesa.

Dorival Júnior parecia querer viver perigosamente, porque, era claro, chamaria ainda mais o adversário para a pressão total nos últimos 15 minutos.

Roberto Brum conseguiu ser expulso numa entrada por trás, aos 39, e Dorival Júnior quis tirar Paulo Henrique Ganso, que, abertamente, e com toda razão, ele que regia o time como João Carlos Martins regeu a orquestra, se recusou a sair para a entrada do zagueiro Bruno Aguiar.

Oito contra dez, o Pacaembu tentou ser, ao menos, o nono jogador.

Aos 45, Rodriguinho mandou na trave do Santos.

Inimaginável!

Sim, não era justo com o Santo André.

Uma final épica, em que o Santo André foi brilhante, o árbitro e o técnico campeão foram abaixo da crítica, e Ganso e Neymar provaram de novo que têm lugar na Seleção Brasileira.

Depois de muito sofrer, o Santos se igualou, no profissionalismo, pós 1933, ao Corinthians e ao Palmeiras, com 18 conquistas estaduais, duas a menos que o São Paulo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/