A cama se arma
Por CLAUDIO WEBER ABRAMO*
Leio que Ricardo Teixeira, em solenidade na Academia Brasileira de Letras (??!!), teria declarado que "Se as obras [de construção e adaptação de estádios] não começarem até o início de maio, passaremos por sérios problemas".
O "alerta" de Teixeira estimula a seguinte reflexão.
Uma das formas mais manjadas de corrupção em contratações é protelar a concorrência até que o prazo de entrega do serviço ou produto fique tão apertado que se torne impossível de fato realizar uma concorrência.
Como a coisa ou o serviço precisam ser feitos, decide-se então fazer a contratação por "emergência", ou seja, sem concorrência.
Na contratação por emergência, o sujeito que decide meramente escolhe uma empresa fornecedora e firma o contrato com ela.
Assim se fez com as malfadadas obras do Panamericano do Rio.
Como é que a empresa fornecedora é escolhida?
Bem, como o sujeito que decide faz isso a partir de sua vontade, e como essa vontade pode ser comprada, basta molhar a mão do cara (usualmente, não é um só sujeito, mas uma quadrilha).
Fim da reflexão.
Mas indago:
Quem são os sujeitos que decidem aplicar dinheiro público para a construção ou reforma de estádios? Os nossos inestimáveis políticos.
Quem é o indivíduo que decide se o estádio X será ou não palco de jogos da Copa?
*Claudio Weber Abramo é diretor executivo da ONG Transparência Brasil.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/